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Dra. Karina Adami

Publicado: 06 de Abril de 2020

O que estamos aprendendo com o coronavírus

Karina Adami


Médica Ginecologista e Obstetra
Especialista em Reprodução Humana
Mestre em Medicina e Saúde Humana
Atuando há 20 anos na Reprodução Assistida e Preceptoria de campo em programas de graduação, pós graduação e ensino técnico.

 

Calma... Respire... (com máscara?) 

Este não é mais um texto didático ou norma operacional ou ainda um último boletim epidemiológico das autoridades sanitárias. Muito menos uma publicação científica. Falo de um lugar de aprendiz, que somos todos nós, neste cenário de intensas e rápidas transformações. 

O coronavírus veio no mesmo ritmo e proporção que temos feito uso do tempo em nossas vidas cotidianas: acelerado, interligado, globalizado. Neste imediatismo convergente do momento, num piscar de olhos, novas informações. Sem dúvidas, devemos estar bem informados e formados e conformados e conectados e... quase automatizados. Mas, na velocidade da wifi disponível, vamos buscando respostas às nossas indagações, selecionando na pletora de conhecimento gerado e compartilhado, aquelas que mais nos dizem respeito ou ainda, aquelas que alinham com nossas convicções científicas, políticas, filosóficas... Sim, pois acreditem, já comentava meu querido professor Luis Cláudio, a incerteza faz parte de nossas buscas intrínsecas e permeia tudo em nossas vidas. A incerteza impulsiona a humanidade, mobiliza e provoca mudanças (ou deveria).

Dizem que o homem sábio olha para trás e aprende com os erros, modificando sua realidade presente e transformando seu futuro. Vejamos... 

Me permitam um recordatório das grandes epidemias mais recentes vividas pela humanidade, no que tange as mais marcantes e de maior impacto à Saúde da Mulher, nossa área de interesse maior, enquanto “sogibianos”. 

Nos anos 80, quando começaram os casos de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) atribuída ao vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), não imaginávamos o que poderia vir a acontecer. Afinal, esse vírus só atingia “grupos de risco”. O tempo, esse amigo inseparável dos fatos, revelou que não havia barreira para se adquirir o vírus para quem não modificasse seu comportamento sexual. Abstinência? Castidade moral?? Uso de camisinha??? Até hoje, alguns acreditam piamente nestas estratégias, assim como meus filhos acreditam na fada do dente. Longe de mim desacreditar no uso da camisinha. Sou advogada fiel da proteção sexual, em especial da camisinha feminina, tão pouco explorada e utilizada como recurso disponível. Falo com conhecimento de causa que, não fosse o advento dos potentes antirretrovirais e suas combinações, a doença não teria modificado seu perfil epidemiológico de alta letalidade para se tornar uma morbidade crônica. Não fossem os avanços farmacológicos, o foco não deixaria de ser a doença e a morte. Hoje, minimizamos danos e efeitos colaterais, mas as pessoas sobrevivem. E vivem. E convivem. Entre 2011 e 2015, assisti mulheres que convivem com HIV, muitas delas sem doenças oportunistas, estáveis e em seguimento regular na rede de saúde.

Neste seleto grupo, entrevistei mais de 100 mulheres e estudei em dissertação de mestrado seu comportamento frente ao uso de camisinha e contracepção segura. Deixo o gosto de curiosidade em vocês para lerem o artigo original na íntegra, mas posso lhes afirmar que um percentual razoável delas não utilizava camisinha, seja masculina ou feminina, mesmo quando o parceiro era negativo ou não se sabia seu status sorológico. Encontramos 78% de gestações não planejadas. Fora do contexto do mestrado, extrapolando o objetivo específico, muitas expressavam desejo de ter filhos. Ora, para que usar camisinha? Me sinto bem. Quero engravidar. Deixa rolar... Existem orientações especializadas neste apoio que, nem sempre estão ao alcance de todos. Acho que não aprendemos toda a lição que o HIV veio nos trazer – sexo seguro para mim e para o outro. 

Em 2015 veio o surto norte nordeste do Zika Vírus. Zika o quê? Perguntavam os colegas de São Paulo. Para nossa sorte(?), entrou pelo Rio de Janeiro também e afetou muita gente, despertando o natural interesse no eixo mais evidente do país. Minha memória recente está povoada de momentos tristes na assistência materno fetal, quando no auge da epidemia, mulheres tiveram o diagnóstico de microcefalia em seus bebês e famílias se viram modificadas para sempre. Muita pesquisa foi produzida na ocasião e devo destacar o papel empreendedor e científico do amigo e colega Manoel em sua costumaz determinação, investindo nestes estudos e publicações. Penso muito na velha máxima das boas histórias onde perguntamos “qual a moral da história”? O ZIKAV fez com que entendêssemos que o inesperado pode acontecer e que precisamos fazer escolhas frente aos riscos impostos pelos contextos. Mais ainda, que o contexto de vida e ambiência de vida de outro afeta o nosso. Em Salvador, não havia e não há zona livre do mosquito transmissor. O Aedes aegypti se alastrou pela falta de saneamento básico coletivo. A minha vida está imbricada na vida do outro e as nossas vidas estão intrinsecamente atreladas pelo meio ambiente que partilhamos. Aprendemos a lição? Mais uma vez, deixamos passar e vemos o recrudescimento de novos pequenos surtos de arboviroses sendo anunciados, recomendando repelentes para casais tentantes e grávidos, rezando para a teoria da imunidade de rebanho ter coerência e o vírus não estar mutado. Tomara que o ZIKAV não mute. Tomara que nós mudemos nosso conceito de medidas de saneamento básico. Para todos.

Dia 11 de março deste ano, nova comoção. Mundial desta vez, em proporções de rápida infectividade, pois se pega não mais pelo sexo ou ainda pela picada de um inseto vetor, mas, simplesmente, no ar, gotículas em dispersão, ao respirar. 

Calma... Respire (?)... 

Vamos entender o que está havendo... Hein? Como? Não dá tempo? Como assim? Fechar tudo? Parar tudo? Ei! Espere! As crianças não vão para a escola? “Prender” os idoso em casa? Pessoal, calma... Respirem aí... Não dá para esperar? Não dá tempo? Gente, não está muito rápido não... Mortes, internamentos, todos os pontos do globo. Literalmente, viralizados. Na velocidade da rede do wifi mais moderno que tivermos acesso... 

A etimologia da palavra pandemia vem de vem do grego “o povo inteiro” (It comes from the Greek). 

Todos os povos em uníssono para o enfrentamento ao vírus SARS-CoV-2, agente etiológico da doença COVD-19, uma síndrome respiratória aguda grave, que atinge de forma mais letal alguns grupos de risco, em especial idosos e imunodeprimidos. Então vamos ao combate!

Boletins, normas, artigos, agendas digitais, horas de computador (se superarmos isso, vamos todos ter lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Epa! Pessoal da Saúde Ocupacional cadê meu equipamento de proteção individual? 
Calma... Respire (tá faltando máscara!). Prendo a respiração? Suspiro... 

O mundo está inexoravelmente interligado pela comunicação em tempo real. Real? Não é Fake News? Não será um exagero? Isso é golpe? Sabe aquele professor da USP? Sim, aquele conceituado colega cheio de títulos e honrarias? Está intubado num grande hospital de São Paulo. 

Sabe o José? Sim, aquele engenheiro concursado que emigrou para o Rio de Janeiro, na transferência compulsória da Petrobrás, então, está com suspeita de COVID-19, mas não tinha vaga para ser internado! Sabe Dona Maria, aquela senhorinha que ajudou nossa família lavando roupas que estava morando com os filhos no litoral norte? Ela está tossindo, mas sem febre, fez um ultrassom com aquele doutor e o governo chamou ela para fazer o teste do vírus. Será que vai ser bom para ela internar logo? Mandaram ela para um hospital de referência. Aonde? Lá tem UTI ? Os médicos tem preparo para este tipo de atendimento? Corre corre corre... Vamos capacitar todo mundo! Anda anda anda... Vamos equipar e elaborar os fluxos de trabalho. Gente, segue o fluxo! Agiliza!!!

Estresse... Pânico... Respira... (tem respirador aqui?). Todos sabem usar? Você ainda sabe intubar? Chama o anestesista! Mas não tem muitos, estamos em escala de contingenciamento. Todos estamos expostos. Não faço nada sem N95! Essa roupa não protege nada! Deus nos acuda! Deus nos proteja... a todos. Falando em fé ... “andar com fé eu vou, pois a fé não costuma falhar”. 

Andar... Hoje preferi vir andando para o trabalho. Tem menos linhas de ônibus rodando, Dra. Muita gente, respirando junto, sem máscara. Aqui tem álcool gel, né? Tenho que usar máscara e luva? Como assim? Posso pegar isso? Posso passar para meus filhos? E agora? Estou com medo... Prefiro trabalhar em casa... Pode? Pode ser remoto?? 

Tudo sob controle. Controle remoto. Me lembrei do filme “Click”. Queria ter um controle remoto para rebobinar a fita... Quem sabe lá para Adão e Eva? Ou quem sabe, de “volta para o futuro” pegar uma linha do tempo e impedir, heroicamente, que as pessoas morressem de HIV, crianças ficassem sequeladas pelo ZIKAV, não deixar sair o SARS-CoV-2 do laboratório. Naão ter laboratório neste nível de risco? Evitar que os profissionais de saúde virassem mártires, que o povo se unisse, pelo menos nessa hora, sem puxar a “sardinha para seu lado”. Lado que lado? A macro e a micropolítica permeiam tudo. Escolhas de Sofia em pequenos e altos escalões.

Põe quem no respirador?

Estou em trabalho de parto! Ai! Minha bolsa rompeu! Vou para o hospital ter meu bebê? Fico em casa? O médico do pré-natal me disse que é mais seguro ir ao hospital e que eu não passo nada para o bebê. Quem me garante isso? 

Puxa, estou tentando engravidar há tanto tempo... Mais de três anos tentando e nada. Fiquei com medo de tentar antes por causa da ZIKA, agora isso... Protelar mais uma vez? Dra, posso aguardar isso passar? Minha reserva ovariana não estava boa... Dra operei meu mioma... Dra meu endometrioma cresceu... Dra minha tireoidite piorou... Dra já tenho 44 anos... Dra vou iniciar minha quimio próxima semana... 

Usa que estratégia? Mitiga ou suprime? Qual o interesse a privilegiar? Ser utilitário ou universalista? Eis as questões... 

Ser ou não ser...

O essencial passar a ser visível aos olhos. Só não vê quem não quer. Meu colega e amigo Cláudio já comentou brilhantemente no Facebook. 

Famílias unidas forçosamente em suas casas reaprendendo a arte de conviver. Pais e filhos estudando, brincando e cuidando das tarefas domésticas juntos. Idosos sendo priorizados. Empregados em escalas funcionais minimizando riscos pessoais e coletivos. Valorização dos momentos presenciais e abraços limitados pela clausura do isolamento social. Autocuidado e cuidado coletivo. 

Será? Que será... 

Se com o alerta geral frente ao SARS-CoV-2, o mundo não compreender a “moral da história” e se mobilizar numa profunda transformação, o que mais o fará? 

Só assim, respiraremos aliviados de que não terá sido em vão.
 

Compartilhe da reflexão da sócia dra. Karina Adami  sobre a pandemia do Covid-19. 

(Caso queira dividir conosco suas reflexões sobre o coronavírus, envie texto para sogiba2@hotmail.com)

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